O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar
Mendes, disse nesta segunda-feira (11), em Washington, que a corte pode tomar
em fevereiro medidas mais fortes contra as pré-campanhas do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Gilmar Mendes afirmou que, se comprovado abuso de poder
econômico, os candidatos podem ter a diplomação cassada.
Na semana passada, o TSE julgou improcedentes representações
da Procuradoria-Geral Eleitoral contra os dois por suposta campanha eleitoral
antecipada.
"Aqui não há só essa pergunta sobre a legalidade. Quem
está financiando? Isso pode levar ao reconhecimento de abuso de poder
econômico, que pode levar à própria cassação do diploma. É preciso ter muito cuidado
com isso. Mas isso está sendo registrado, embora nós tenhamos evitado -eu fui
voto vencido- a aplicação de uma sanção", disse.
Por outro lado, Gilmar Mendes avalia que nesse momento as
punições são complicadas, pois há uma lacuna no sistema para esta fase da
pré-campanha.
"Caravanas, reunião para showmício, comício, carros de
som, carreatas e coisas do tipo não são feitas de forma tão improvisado. Alguém
está financiando isso", destacou.
"Há estruturas aí que já passam da linha, jatinhos,
deslocamentos de caravanas, ônibus, reunião organizada de pessoas e tudo mais.
Tudo isso precisa ser avaliado. Acho que esse vai ser o tema do tribunal já em
fevereiro."
O ministro lembrou ainda que o TSE vem trabalhando em
parceria com o Coaf e a Receita Federal na identificação de CPFs de laranjas no
sistema de doações de campanha. Ele lembrou que nas eleições municipais de 2016
foram identificados mais de 300 mil CPFs de pessoas sem capacidade eleitoral.
"Nas eleições municipais de 2016, nós temos o número de
730 mil doadores, dos quais, talvez, mais da metade são suspeitos. O que isso
sugere? Que pessoas estão usando recursos disponíveis e distribuindo por CPF
para que se façam doações", afirmou.
Gilmar Mendes participou na manhã desta segunda-feira da
assinatura de um convênio para a observação das eleições gerais de 2018 pela
Organização dos Estados Americanos (OEA). Essa será a primeira vez que a
instituição acompanhará o processo eleitoral no Brasil, com o objetivo é
conhecer melhor o sistema brasileiro e apresentar contribuições para o seu
aperfeiçoamento. Com informações da Folhapress.
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